Se você comprou e leu a revista Claúdia desse mês, deve ter visto na última página a entrevista com a Soraya Borges. Ela conta sua história sobre o medo de dirigir, e que ela conseguiu vencer esse medo.
Eu morria de medo de dirigir, e já falei disso milhões de vezes, não sei se nesse blog. Mas qualquer coisa senta que lá vem história de novo.
Quando eu era mais nova, uns 11 anos meu avô faleceu, de acidente de carro. O carro sofreu uma aquaplanage, ela rodopiou na estrada e entrou em baixo de um caminhão. Metade do carro foi destruído. Passou na televisão, meu tio ficou sabendo no banco, quando olhou a notícia na televisão. Sim, primeiro apareceu na televisão e depois nós ficamos sabendo.
Meu tio saiu branco do banco, até deixou a conta que ia pagar para depois.
A gerente do meu pai viu a reportagem e ligou lá em casa. Meu pai estava de férias do banco. Vendo a expressão do meu pai no telefone a única coisa que eu pensava era "Meu pai perdeu o emprego".
Quando ele desligou o telefone, mandou chamar meu irmão, e nos deu a notícia. Na hora eu nem acreditei. Não parecia real. Algumas horas depois começou o chora chora. E isso durou dias. Eu chorava, eu ria, eu ficava distante, achava que era um sonho, e chorava mais.
Na hora coloquei na cabeça que dirigir, mesmo pra quem tem experiência como meu vô era perigoso.
Algum tempo depois cinco jovens estavam voltando para campo grande, sofreram um acidente e faleceram. Um deles era alguém muito querido, irmão de uma amiga minha, alguém que eu conhecia desde muito pequena. Outro era meu primo, de contato distante. Mais uma vez mensagens negativas.
Mais alguns acidentes, colegas que eu perdi. Entre eles, Renan, ele sentava do meu lado no colégio. Achava ele lindo. Ele saiu do colégio mas virou amigo dos meus primos, conversamos sempre pela internet.
Fiquei chocada. Descobri dias depois.
Na adolescência, fui fazer uma análise, e recebi a notícia em um daqueles testes que fazemos: Eu não tinha um bom relacionamento com o trânsito. O motivo? Eu me sentia responsável demais pelos outros, e só de pensar em pegar o volante e ser responsável por qualquer desconforto era demais para mim.
Nunca precisei tirar carteira, sempre tive como ir e vir. De carona ou de ônibus, até mesmo a pé.
Quando decidi tirar, minha avó foi contra e meu pai pediu pra esperar meu irmão tirar pra não ficar muito pesado para ele (Eu tinha 19, meu irmão 23), e prometeu que assim que ambos tivessem a carteira o carro era nosso. Meu irmão enrolou o ano todo para tirar a carteira e quando tirou ficou com o carro só para ele. Decidi deixar pra lá então.
Ano passado decidi tirar carteira ao perceber que muita coisa seria mais fácil se eu tivesse uma carteira de motorista. Meu pai pagou a carteira, e eu fui fazendo. Mas como tudo é muito enrolado nesse mundo de 1ª habilitação, eu fui estressando e deixando para lá.
Passei na avaliação psicológica. Demorou séculos para marcar o exame médico. Mas passei nele também (Desde o começo deste exame eu deixei claro que eu uso óculos desde pequena, mas não sei o que deu no médico de achar que eu podia fazer os teste sem o óculos, no final ele colocou que eu estava apta, mas coma restrição de usar óculos. Olhou pra mim e falou como se fosse uma novidade isto.)
As aulas práticas fiz com duas semanas. Normal. Mas na hora do simulado, me deu nervosismo, e na hora que eu entreguei a prova, me deu aquela clareada, e eu percebi que havia errado. Sabia qual questão e as respostas. Reprovei por um ponto. A universidade e alguma coisa dentro de mim pediu para deixar quieto, fazer depois, enfim, enrolei tudo o que podia. Dois meses depois achei que estava pronta para fazer outro simulado. Na hora percebi que não estava, esqueci muita coisa, e a cara do professorzinho olhando para mim e se perguntando o que eu estava fazendo ali me deixou mais longe ainda. Reprovei de novo. Por um pouco mais, mas ainda assim por pouco. Assinei um documento dizendo que eu havia reprovado mas mesmo assim ia fazer o exame do detran. Fiquei com muita vergonha. Vergonha de saber e não fazer certo.
Para completar ainda demorou dias para conseguir marcar o teste do detran. Estava lotado os dias, até conseguir uma vaga demorou. Mas o teste do detran foi tranquilo, passei super bem. Mesmo com o pessimismo do cara que sentou do meu lado na sala de espera (Já havia reprovado cinco vezes naquele teste, e segundo ele era o mais difícil. E Graças a essas reprovações ele estava perdendo muito tempo).
Fui lá marcar as aulas práticas. Desde que eu assinei o meu contrato, eu já havia comprado cinco aulas a mais. Eu sabia do meu medo, e sabia que ia ser difícil para mim.
Graças a Deus meu instrutor é ótimo. Calmo, paciente. Ele foi perfeito para mim. Fomos bem devagar, aprender a engatar, ficar andando em círculos, ir para ruas calmas, enfim. Ao final das 20 aulas ele pediu mais dez, para ver se eu ficava mais calma no transito. Eu suava (coisa que eu não tenho costume, tenho pouco suor, apenas quando fico nervosa), tremia. As aulas era torturas para mim. Mas eu aprendi.
Fui pro simulado, beeeeem nervosa. Fiz coisas bobas, mas que me reprovaram mesmo assim, como esquecer de dar seta (eu sei feio, mas foi o nervosismo JURO que eu aprendi a dirigir bonitinho).
No segundo simulado, eu passei bem. Bem mesmo :D Esperei séculos por uma vaga para o exame prático do detran.
No teste do detran eu também passei, tranquila.
Hoje eu dirijo bem, sem muito medo. Tranquila. Mas em muitas situação eu ainda fico nervosa, não sei como me livrar de algumas coisas, e tem horas que acho que vou surtar. Mas nada como respirar bem e tomar água.
Eu venci o medo de dirigir. O medo do volante, e da estrada. Sem psicólogo apenas com minha confiança, minha coragem, e pessoas que me deram motivação (Minha filha, meu namorado...)
Cada dia a gente vence um medo. Esse medo eu já não tenho mais.
Mais:
Quando se está dirigindo e acontece alguma coisa que você não sabe como sair da situação, a melhor coisa a fazer é desligar o carro em um lugar seguro, ligar o som, e pegar aquele joguinho super legal do meu celular e joga-lo, até que uma hora o transito se ajeita e você consiga sair. Importante: Se você não tem muita confiança ainda, o importante é que quando sair você não esteja com presa.
Nem sempre o mundo gira ao seu redor. Mas a internet pode te ajudar a ter seus momentos.
terça-feira, 10 de março de 2009
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5 comentários:
Perdi meu irmão no trânsito e sei bem o RECEIO que você sentiu.
Sou muito cautelosa no trânsito, embora saiba que isso não depende APENAS DE NÓS. Quando vejo qualquer afobação, faço questão de ficar bem longe.
Parabéns pela conquista!
Que bom que você está participando, não sabia! hehe Beijos e boa sorte.
Olá
Achei super legal seu post; eu morro de medo de dirigir, já estou com 34 anos e ainda não tirei minha carteira!! Faz muita falta!! Eu sou de Campo Grande (na verdade de Aquidauana ), saí daí pro Paraná em 2000, fiquei por lá 6 anos e agora mora em Brasília já tá com quase 3 anos!! Mas minha família está aí, sinto muitas saudades!! Voltando ao assunto... dirigir hoje em dia é uma necessidade, principalmente em grande centros, aqui em Brasília tudo é muito longe e só agora o sistema de transporte urbano está começando a melhorar!! Tenho 4 crianças, então faz uma falta tremenda, mas um dia eu chego lá!!!
Adorei teu blog e já estou seguindo, se puder dá uma passadinha no meu!!
Beijos!!
Ola
Se me permite, gostaria de deixar o link do Centro de Psicologia Especializado em Medos, que fica em Curitiba. A diretora deste centro é uma psicologa mto conceituada e ja ajudou muitas pessoas a superar o medo de dirigir. Por isso deixo a contribuição:
http://www.medos.com.br/medo-de-dirigir
oi,adorei o blog parabens.
Olha aprendi dirigir muito cedo com 14 anos carro e moto, não tinha medo, porem lá pelos 18 dei entrada no detran, e começou o panico de dirigir ainda não sei pq sendo que não tinha medo mais nova, paguei as aulas e fui protelando, enfim foram muitos anos protelando, até que tive dois filhos com 1 ano de diferença e precisei muito, tinha carro, mas não pegava, consegui tirar carteira de carro e de moto, venci meus maiores medo, mas se passo uma semana sem dirigir ja fico com friozinho na barriga, aff, mas to levando, amanhã vou pegar a estrada pela segunda vez, a primeira estava com meu pai, então nem fiquei muito nervosa, não ligo se estou sozinha, temo pelos meus filhos, sei que dirijo bem, mas hj ja to com friozinho na barriga pq vou sozinha, mas sei que preciso ir e se parar de novo o medo toma conta, então vou enfrentar pra vender e sei que vou chegar bem, hehe, beijos adorei compartilhar aqui com alguem.
Isso realmente resolveu meu problema, obrigado!
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